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Recintos e Animais em Vida Livre nos Zoológicos Como Elementos Educadores.

  • Foto do escritor: giulia lucheta
    giulia lucheta
  • 17 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura


Um dos principais desafios das ações educativas para a conservação da biodiversidade é proporcionar às pessoas o contato com a fauna nativa e com ambientes naturais.

A Estratégia Mundial de Zoológicos e Aquários para a Conservação da Biodiversidade orienta que sejam desenvolvidas ações de conservação “ex situ”, que sejam realizados projetos de conservação “in situ” e que a exposição dos animais vivos tenha função educativa.

Apesar da mudança nos princípios que norteiam as ações dos zoológicos, algumas dificuldades de inserção do tema da conservação da biodiversidade em suas práticas educativas, materiais ou estruturas educadoras vêm sendo observados.

Considerando que a área expositiva do zoológico é a unidade educativa central, mais antiga e mais acessível ao público visitante, é fundamental que ela aborde o tema da conservação, por meio dos elementos que a compõe.

Essa abordagem foi considerada apropriada, pois é coerente com o objetivo da pesquisa que tem como foco a compreensão do papel dos elementos no discurso expositivo sobre a conservação da biodiversidade nos zoológicos.

Em museus de ciência, a autora observou, por exemplo, que objetos científicos e naturais, dependendo das finalidades do museu, poderiam sustentar um discurso científico em uma instituição e em outra serem utilizados para ilustrar ou exemplificar temas na exposição, sustentando, neste caso, um discurso de divulgação da ciência.

Baseado no pressuposto de que a educação assume uma perspectiva crítica na relação entre teoria e prática, Carvalho sugere que os processos formativos em educação ambiental devem trabalhar com três dimensões, que se relacionam entre si: da natureza dos conhecimentos;

Para verificar se a conservação da biodiversidade e a educação ambiental fazem parte da missão do Parque Ecológico de São Carlos e se há intenção que a área expositiva aborde a conservação da biodiversidade de maneira educativa foram analisados dois materiais informativos entregues na entrada do Parque Ecológico de São Carlos: a cartilha “Guia para o professor” e o panfleto “Parque Ecológico – 35 anos”.

Para levantar as potencialidades dos elementos expositivos para abordar o tema da conservação da biodiversidade e os desafios existentes, selecionamos dois elementos diferentes: o recinto da Anta (Tapirus terrestres) e do Ananaí (Amazonetta brasiliensis) e o Sagui (Calltithrix sp) em vida livre.

Esse recinto foi escolhido, pois, o recinto é o elemento mais característico do zoológico e pela anta ser tema da campanha educativa “Minha amiga é uma anta”, realizada pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas e adotada pela Sociedade de Zoológicos e Aquários do Brasil durante o ano de 2013.

sagui foi selecionado, pois, animais em liberdade representam um contraponto à situação de cativeiro, e dentre os diferentes animais em vida livre que existem no parque, observou-se que o sagui chama a atenção das pessoas que visitam o espaço.

As potencialidades de educar para a conservação da biodiversidade e os desafios existentes foram analisados relacionando-se as possibilidades de interação com os conteúdos de conservação abordados nos textos, discutindo-se temas que contribuem para a perspectiva crítica da educação ambiental.

Na cartilha, a conservação é mencionada como sendo uma das ações do parque e como parte da filosofia da instituição, incluindo além dos animais em cativeiro na área de uso múltiplo, uma área de preservação permanente com cerrado e mata ciliar.

No panfleto é mencionado que o parque abriga espécies ameaçadas de extinção, que atua na preservação por meio da reprodução em cativeiro dessas espécies, que participa de projetos de conservação com outras instituições e que já disponibilizou animais nascidos no local para a reintrodução na natureza.

Com relação às possibilidades de interação que esse elemento expositivo oferece, observamos que é possível ouvir o som das aves e o olfato é estimulado quando as antas se aproximam do público, mas que o contato visual é o aspecto mais marcante desse recinto.

Consideramos que ele pode promover principalmente interações do tipo “hearts on” e “minds on”, em função do potencial sensibilizador da visualização dos animais em um ambiente semelhante ao natural e das informações trazidas nas placas informativas.

As observações de público indicaram que o animal desperta o interesse dos visitantes, pois as pessoas pararam para observar, se aproximaram, comentaram sobre o animal e fizeram fotografias, demonstrando entusiasmo pelo fato de animal estar solto.

Apresentar a natureza apenas como “boa e bela” gera aspectos contraditórios e descontextualizados, assim, apesar de ser um animal muito interessante e bonito, ele pode trazer prejuízos à biodiversidade local, contribui para uma perspectiva crítica da educação ambiental.

Com este estudo foi possível observar que tanto o recinto da anta e do ananaí, como o sagui em vida livre tem potencialidades em educar para a conservação da biodiversidade, contribuindo para o discurso expositivo sobre conservação da instituição.

A presença dos elementos expositivos naturais (animais e representações de seus hábitats) permite que os visitantes tenham uma experiência próxima à natureza, atendendo a uma das demandas da educação para a biodiversidade.

No caso do animal em vida livre, interações do tipo “minds on” podem ocorrer se os visitantes assumirem uma atitude investigativa e se questionarem sobre a presença desses animais fora de recintos em um zoológico, contudo ela fica prejudicada devido à ausência de informações sobre os mesmos.

Sugerimos que sejam criados elementos complementares, tais como placas maiores, que contextualizem as espécies na região, focando as ameaças à conservação, com a finalidade de informar e promover reflexões, ampliando a função educadora dos elementos analisados.

Essa complementação pode proporcionar a inserção da conservação da biodiversidade no discurso expositivo da instituição de maneira explícita e contextualizada, fortalecendo o papel educador da área expositiva nos zoológicos.


Imagem: Galeria Wix.

 
 
 

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