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A Função dos Zoológicos nos Dias Atuais Condiz com a Percepção dos Visitantes?



Estudos que abrangem a percepção ambiental vêm mostrar que nas discussões de dimensões paradigmáticas como sociedade/natureza não há espaço para reducionismo. As aspirações, ações e decisões individuais ou coletivas, que o ser humano desenvolve acerca do seu meio “devem ser avaliadas através de uma cuidadosa análise das atitudes, preferências, valores e imagens que a mente humana tem a capacidade de elaborar”. Segundo Castelo (1996), a percepção humana a respeito do ambiente é um relevante indicador de qualidade ambiental, auxiliando nas mediações de conflitos e degradação ambiental. A nossa relação com a fauna modificou de maneira crescente com relação às décadas passadas, contribuindo para que não somente nossos hábitos modificassem, mas também o papel dos zoológicos na sociedade atual. Como surgimento dos zoológicos, seu papel principal era entreter os visitantes. No entanto, atualmente são quatro papéis fundamentais: educação, conservação, pesquisa e lazer. Embora os zoológicos da atualidade tenham como base a conservação, a reprodução de espécies ameaçadas não é a única forma de contribuir para programas de conservação. Marino (2008) diz que o mais importante é o impacto que estas instituições produzem sobre o público, responsável por influenciar tomadas de decisões que definem o êxito ou o fracasso das políticas públicas conservacionistas. A visitação estimada em cerca de 30 milhões de visitantes por ano demonstra também a importância destas instituições como centros de educação ambiental para a população, aumentando o interesse, cuidado, conhecimento e respeito para com a fauna. Além das questões de conservação e bem-estar animal, a visão social pelas questões voltadas ao meio ambiente vem viabilizando mudanças significativas na forma como o ser humano se relaciona com os seres não humanos. O reconhecimento da cognição dos animais retira-os da condição de objetos de um meio, para sujeitos do mesmo, onde diversos aspectos complexos da interação animal-homem-meio passam a ser rediscutidas e reelaboradas. Na medida em que esta perspectiva se difunde globalmente através dos meios científicos e zootécnicos, ela pode criar uma nova sobreposição de crenças tradicionais e dar um novo impulso para a consideração do bem-estar dos animais.

Os zoológicos surgiram há centenas de anos no Egito Antigo e na China. Naquele tempo, os zoológicos possuíam como objetivo apenas entretenimento, obtendo apenas coleções de animais vivos em exposição. Este hábito era visto como sinal de poder, principalmente entre imperadores chineses, astecas, gregos, faraós egípcios e chefes de estado. A prática durou por muitos anos, porém, em 1752 implantou-se o primeiro zoológico que permitia a visitação do público, o Zoológico de Viena, mas, o foco deste, ainda objetivava o entretenimento. Apenas no século XVII o valor dos zoológicos como fonte de pesquisa foi reconhecido. Entretanto, somente com a criação do zoológico de Londres em 1826, os zoológicos foram reconhecidos como centro de pesquisa. O interesse sobre conservação e bem-estar de animais de zoológicos são assuntos da modernidade, só desenvolvido após a Segunda Guerra Mundial. Os zoológicos da atualidade mudaram não só na sua estrutura, mas também filosoficamente, respondendo às pressões ambientais e as mudanças dos valores culturais. Apesar disso, o zoológico ainda tem como um dos principais objetivos a exposição de animais como forma de entretenimento e diversão para o público, a fim de arrecadar verba e assim desenvolver atividades para outra missão: a conservação.

Em 1977, a Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática da educação, orientada para proporcionar a todas as pessoas a possibilidade de adquirir os conhecimentos, o sentido dos valores, o interesse ativo e as atitudes necessárias para protegerem e melhorarem o meio ambiente. A meta da Educação Ambiental é desenvolver uma população que esteja consciente e preocupado com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar, individual e coletivamente, na busca de soluções. De acordo com a Sociedade Brasileira de Zoológicos e Aquários do Brasil, a maioria dos zoológicos tem programas de educação formal para as escolas, com o objetivo de conectar as crianças com a natureza.

Até o início dos anos 90, os zoológicos mudaram o foco para a reprodução de animais em cativeiro como forma de manutenção de populações ameaçadas para fins de conservação. Uma vez que as ameaças enfrentadas pela espécie tenham cessado, e assim possam ser reintroduzidos no habitat natural. Reintroduções de animais em cativeiro foram, contudo, muito criticadas na literatura, principalmente sugerindo que os animais não estão aptos a ser reintroduzidas na natureza, devido à modificação de comportamento em cativeiro. Apesar de todos os contras, muitos zoológicos estão empenhados em evoluir para centros de conservação.

O bem-estar de um indivíduo inicia com uma boa saúde física. Evidências como ferimentos, doenças e deformidades são geralmente as principais variáveis que geram sofrimento e, consequentemente, afetam negativamente a qualidade de vida do indivíduo. O bem-estar animal está ligado aos estados subjetivos de sofrimento tais como, tédio, dor, fome, sede e frustração, sendo desencadeados quando os animais são impedidos de realizar algo em que estão altamente motivados. O enriquecimento ambiental surge como uma tentativa eficiente de reduzir comportamentos anormais e aumentar a frequência de comportamentos mais apropriados para a espécie, proporcionando, assim, melhora no seu bem-estar.

Até o século passado ir ao zoológico significava assistir a espetáculos de horror onde animais estavam confinados em jaulas desapropriadas. Na atualidade, estudos mostram que as pessoas vão aos zoológicos para se sentirem mais próximos da natureza e em busca de melhor qualidade de vida. O público busca ir aos zoológicos primeiramente pelo contato com a natureza, seguindo de interesse pelos animais e em terceiro para levar os filhos para uma atividade de lazer.



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