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Educação Ambiental – Experiências dos Zoológicos Brasileiros.



Parques zoológicos são locais de recreação, mas também podem ser definidos como museus, uma vez que são instituições que se ocupam com a conservação, pesquisa e comunicação de elementos naturais, neste caso, considerando-se os animais. Segundo Figueiredo (2001), além da conservação, outras importantes funções dos zoológicos são o lazer das populações e a Educação Ambiental que, por sua vez, é de extrema importância para a conscientização das pessoas, mostrando a importância da conservação da biodiversidade, incluindo as espécies da fauna ameaçadas de extinção. Atualmente, grande parte dos zoológicos brasileiros realiza programas de Educação Ambiental e, muitas vezes, tais programas são responsáveis pelo aumento do número de visitantes, uma vez que passam a incentivar a visitação, principalmente de escolas. O desenvolvimento histórico dos zoológicos tem sido um espelho das mudanças de opinião e sentimento acerca do relacionamento entre os seres humanos e animais. Há grandes dificuldades em se determinar qual foi a primeira coleção de animais mantida em cativeiro devido à falta de registros das coleções mais antigas. Já Mench&Kreger (1996) dizem que o primeiro jardim zoológico verdadeiro foi estabelecido no “Jardindes Plantes” em Paris, no final do Século XVIII, devido, principalmente, às circunstâncias políticas, mas também pela influência de naturalistas da época que argumentaram que os jardins botânicos de Paris não estavam completos e, para serem considerados museus de história natural era necessária a presença de animais. Com o desenvolvimento de pesquisas sobre o comportamento dos animais na natureza, observou-se a necessidade de enriquecer os recintos com elementos que os tornassem semelhantes ao habitat natural do animal, tais como abrigos, galhos e tocas, dentre outros. O primeiro zoológico do Brasil surgiu na última década do Século XIX, quando o Museu Emílio Goeldi, no Pará, iniciou a criação de uma pequena coleção de animais silvestres oriundos da Amazônia. Atualmente, os zoológicos são bastante conhecidos e respeitados por seu papel fundamental na conservação da fauna silvestre, principalmente quando se trata de animais ameaçados de extinção. Acompanhando toda a evolução pela qual os zoológicos passaram, a Educação Ambiental passou a fazer parte dos objetivos dessas instituições e vem, a cada dia, aperfeiçoando o modo de educar as pessoas a partir da exposição de animais silvestre em cativeiro. O desenvolvimento da consciência ambiental, a nível internacional, pode ser traçado ao longo das duas últimas décadas, com base em uma série de eventos, como as Conferências de Estocolmo e a de Tibilisi que originaram as primeiras manifestações dentro da Educação Ambiental. Na programação de muitos zoológicos a Educação Ambiental já está incluída, sendo uma das formas mais eficientes para transformar a mentalidade antiga de ver os animais apenas como bonecos enjaulados. Os zoológicos beneficiam milhões de pessoas no mundo e, a grande maioria dessas pessoas, vive em áreas urbanas e possuem pouco ou nenhum contato com a natureza. Os zoológicos são muito procurados em todo o mundo e o número de visitantes por ano pode variar de dez mil a sete milhões em parques de diferentes países. Segundo Telles (2002), com programas bem elaborados, muitos zoológicos já possuem locais apropriados para executar atividades com alunos e visitantes, ensinando manejo e comportamento dos animais de forma agradável e educativa. De acordo com Mergulhão (1997), “A Educação Ambiental que um zoológico pode oferecer combina conceitos de diferentes áreas, tais como zoologia, ecologia, botânica, fisiologia, etc.”. Segundo Wemmer (2001), para chamar a atenção dos visitantes, as placas de identificação devem conter uma foto do animal (particularmente importante quando o recinto contém mais de uma espécie) e informações acerca da condição da espécie quanto à ameaça de extinção. Além disso, é importante que essas placas tenham informações como o nome científico e popular da espécie, distribuição geográfica, tipo de alimentação e o hábitat onde a espécie ocorre. Entretanto Zolcksak (2002), em seu estudo sobre a capacidade de comunicação ambiental de exposições de animais vivos, constatou que muitos visitantes não observam as legendas existentes nas placas de identificação.

O parque Zoológico de Ilha Solteira – SP foi construído em 1979 e, atualmente, possui 65 espécies, sendo que 28delas já se reproduziram. Está inserido numa área de 18 ha, onde os animais são mantidos em ambientes semelhantes aos seus habitats. É reconhecido pela comunidade zoológica nacional e até internacional com as quais mantêm intercâmbio, pelos trabalhos de alto nível na preservação, reprodução e criação em cativeiro de espécies como o jacaré-de-papo amarelo, arara canindé, tamanduá-bandeira, bugio vermelho, cervo-do-pantanal, lobo-guará, jaguatirica, cachorro-do-mato-vinagre, entre outros, sendo pioneiro em alguns deles como no caso do aleitamento artificial de cervos do pantanal. Em relação aos trabalhos de Educação Ambiental realizados no zoológico, Santana& Pinto (1996) comentam o papel da distribuição de placas educativas auto-explicativas em diversos lugares do zôo.

O zoológico de Curitiba também possui um amplo programa de Educação Ambiental, o qual é composto por diversas atividades. Há exposições onde o público pode conhecer peças taxidermizadas, crânios, patas e bicos de animais, bem como receber informações sobre o ambiente, suas interações e as relações da fauna e flora.

O zoológico de Fortaleza é bastante visitado por escolas da rede municipal de ensino, além de escolas particulares. Durante a visita, além de explicações acerca da importância da fauna silvestre, são utilizados materiais didáticos previamente elaborados pelos estagiários e realizadas brincadeiras educativas voltadas para a conscientização ambiental do público.

O parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros – Zoológico de Sorocaba foi um dos primeiros zoológicos do Brasil a implantar um programa de Educação Ambiental, sendo este executado por profissionais de diversas áreas, como biólogos, geógrafos, professores, entre outros. Além disso, outras instituições participam da realização dos trabalhos, oque proporciona uma visão multidisciplinar.

O Zoológico de Brasília realiza uma série de atividades educativas com o público em geral. Dentre essas atividades podemos destacar o zoocamping, o programa “Tá Limpo” e o “O zôo vai à escola”. O zoocamping é uma atividade voltada para os alunos do ensino fundamental, de 5ª a 8ª séries, e tem por objetivo o lazer instrutivo e a aplicação dos conhecimentos adquiridos em Educação Ambiental.

O Museu Emílio Goeldi, localizado em Belém/PA, possui um Serviço de Educação e Extensão Cultural que desenvolve diversos projetos e atividades educativas que divulgam a produção científica da instituição e sensibilizam o público quanto à importância da preservação da fauna, flora, cultura e ambientes amazônicos. Há também a Biblioteca Clara Maria Galvão que é direcionada aos alunos do ensino fundamental e médio e a Coleção Didática Emília Snethlage que representa as áreas de pesquisa do Museu Goeldi, com animais taxidermizados e em meio líquido, fósseis, exsicatas, rochas etc.

Os zoológicos passaram por um longo processo de evolução e modernização atendendo a diversas manifestações do público e pesquisadores que clamavam por um ambiente que garantisse o bem-estar animal. Atualmente, os programas de Educação Ambiental desenvolvidos nos zoológicos são de extrema importância por proporcionarem um maior dinamismo às atividades e por quebrarem alguns tabus como: “Os zoológicos são apenas vitrines de animais vivos”.


Imagem: Galeria Wix.

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